O tempo que não se perdeu

"Não se contam as ilusões
nem as compreensões amargas,
não há medidas pra contar
o que não podia acontercer-nos,
o que nos rondou como besouro
sem que tivéssemos percebido
do que estávamos perdendo.


Perder até perder a vida
é viver a vida e a morte
não são coisas passageiras
mas sim constantes, evidentes,
a continuidade do vazio,
o silêncio em que cai tudo
e por fim nós mesmos caímos.


Ai! o que esteve tão cerca
sem que pudéssemos saber.
Ai! o que não podia ser
quando talvez podia ser.


Tantas asas circunvoaram
as montanhas da tristeza
e tantas rodas sacudiram
a estrada do destino
que já não há nada a perder.


Terminaram-se os lamentos."
(Pablo Neruda)

* Nesta sexta-feira nostálgica Pablo Neruda me fez chorar... Talvez por tudo aquilo que poderia ter sido, mas não foi!

Mais que um caso de amor... Cacaso!

Relendo livro Poesia Marginal - um dos indicados para o vestibular da UFSC neste ano - despertei uma paixão adormecida... Cacaso! Já havia apaixonado-me intensamente por sua poesia nos tempos de faculdade, mas o tempo passou e eu  me deixei esquecer.


A obra de Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso - além de ser uma arma criativa nos tempos da ditadura é profundamente sensível e irreverente... Simplesmente encantadora! Algumas letras viraram música em parceria com Edu Lobo e outros cantores... Postei algumas de suas belas poesias abaixo...
Boa leitura!


Hora e Lugar
Nosso amor foi um tormento
mas eu queria voltar
com você o sofrimento
era fácil de aguentar
até mesmo o fingimento
tinha lá o seu lugar
Mas sem você é um despeito
eu não me entendo direito
saio da terra e do ar
Nosso amor foi um deserto
mas tinha tudo pra dar
faltou apenas dar certo
questão de hora e lugar
A razão me trouxe embora
mas eu queria ficar
a paixão que me devora
sei que ela vai me matar
A vida vai lá fora
preciso de respirar
mas sem você é um sufoco
eu não me mato por pouco
ando fugindo do azar
Nosso amor passou por perto
tava tão fácil de achar
só faltou ser descoberto
questão de hora e lugar


Terceiro Amor
O primeiro amor já passou
o segundo amor já passou
como passam os afluentes
como passam as correntes
que desencontram do mar
Como qualquer atitude
também passa a juventude
que nem findou de chegar


O primeiro amor já passou
o segundo amor já passou
como passam os espelhos
como passam os conselhos
ilusões de pedra e cal
Como passam os perigos
e tantos muitos amigos
sem deixar nenhum sinal


O primeiro amor já passou
o segundo amor já passou
como passam as gaivotas
as vitórias as derrotas
fantasias carnavais
as inocências perdidas
como passam avenidas
corredores temporais
A correnteza dos rios
como passam os navios
que a gente acena do cais


Refém
Eu sempre quis requebrar
só me faltou poesia
eu nunca soube rimar
mas sempre tive ousadia
nunca joguei o destino
e nem matei a família
a minha sorte na vida
se escreve com C cedilha
Eu nunca tive ideal
nunca avancei o sinal
nem profanei minha filha
Eu me perdi muito além
sendo meu próprio refém
na solidão de uma ilha


Eu sempre quis acertar
só me faltou pontaria
eu nunca soube cantar
mas sempre tive mania
nunca brinquei carnaval
e nem saí da folia
nunca pulei a fogueira
e nem dancei a quadrilha
Eu nunca amei a ninguém
nunca devi um vintém
nem encontrei minha trilha
Eu me perdi muito além
sendo meu próprio refém
na solidão de uma ilha


Lero-Lero
Sou brasileiro
de estatura mediana
gosto muito de fulana
mas sicrana é quem me quer
porque no amor
quem perde quase sempre ganha
veja só que coisa estranha
saia dessa se puder


Eu sou poeta
e não nego minha raça
faço verso por pirraça
e também por precisão
de pé quebrado
verso branco rima rica
negaceio dou a dica
tenho a minha solução


Não guardo mágoa
não blasfemo não pondero
não tolero lero-lero
devo nada pra ninguém
sou esforçado
minha vida levo a muque
do batente pro batuque
faço como me convém


Sou brasileiro
tatu-peba taturana
bom de bola ruim de grana
tabuada sei de cor
4 x 7
28 noves fora
ou a onça me devora
ou no fim vou rir melhor


Não entro em rifa
não adoço não tempero
não remarco o marco zero
se falei não volto atrás
por onde passo
deixo rastro deito fama
desarrumo toda trama
desacato satanás


Diz um ditado
natural da minha terra
bom cabrito é o que mais berra
onde canta o sabiá
desacredito
no azar da minha sina
tico-tico de rapina
ninguém leva o meu fubá




Lar Doce Lar

p/Maurício Maestro


Minha pátria é minha infância:
Por isso vivo no exílio.


Preto no Branco

De colorida já basta
a vida


As Coisas

O melão melou
A casa casou
A bola bolou
A rola rolou
O mato matou
O dia adiou
A gia giou
A pia piou
O pinto pintou
O boi boiou
O gato engatou
O pato empatou
A pomba empombou
A paca empacou
O galo galou
O ralo ralou
O calo calou
O barco embarcou
A vaca avacalhou
A banana embananou
A sombra assombrou
O raio raiou
O piru pirou

Língua



Para todos os amantes da Literatura

Que assim como eu, sentem prazer diante de um texto Literário...



"Gosto de sentir a minha lígua roçar

A língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar

A criar confusões de prosódias

E uma profusão de paródias

Que encurtem dores

E furtem cores como camaleões

Gosto do Pessoa na pessoa

Da rosa no Rosa

E sei que a poesias está para a prosa

Assim como o amor está para a amizade (...)"

(Caetano Veloso)

UFSC divulga a listagem das obras literárias para o vestibular 2013

A Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) divulgou a lista das obras literárias para o Vestibular UFSC 2013:

1. Amar, verbo intransitivo, Mário de Andrade. Editora Agir.
2. Beijo no Asfalto, Nelson Rodrigues. Nova Fronteira.
3. Capitães de Areia, Jorge Amado. Companhia das Letras.
4. Ecos no Porão, Volume 2, Silveira de Souza. Editora da UFSC.
5. Geração do Deserto, Guido Wilmar Sassi. Editora Movimento.
6. Memórias de um sargento de Milícias, Manoel Antônio de Almeida, NUPILL/UFSC e diversas editoras (Literatura Digital/UFSC), (Biblioteca Nacional Digital).
7. Memórias Sentimentais de João Miramar, Oswald de Andrade. Editora Globo.
8. Poesia Marginal, Diversos autores. Editora Ática

Fonte: http://coperve.ufsc.br/proximos-vestibulares/Mais informações: (48) 3721-9200.

Felicidade...

O grande segredo da felicidade não é alcançá-la, e sim, não deixá-la escapar!
Ser feliz consiste em acreditar nas pessoas, não importa quantas tenham lhe decepcionado. É ter consciência que a vida é um milagre, e que cada momento vale a pena! É saber valorizar as pequenas oportunidades e celebrar as grandiosas!
O homem feliz é aquele que encontra motivos para superar seus obstáculos todos os dias... Até mesmo aqueles mais difíceis! Ser feliz é conquistar as pessoas que te amam, todos os dias... Até mesmo aqueles dias mais difíceis!
Não dá para ser feliz sem cultivar amizades, relacionamentos... Não dá para ser feliz sem estar cercado pelas pessoas que tornam sua vida plena.
Ser feliz é não ter medo de inovar... seja no visual ou até mesmo aventurar-se nas novas tecnologias. Tudo isso faz muito bem, como também preservar velhos hábitos... Não importa!
Ser julgado de "moderninho" ou "ultrapassado" não afeta aquele que é feliz!
Ser feliz é ser bem resolvido, é não ter medo de expressar seus sentimentos e saber que pode desabar a qualquer momento... Afinal, ser feliz não significa ser de ferro e sim, ser muito de carne e osso!
Para ser feliz é necessário investir mais nos sentimentos do que em bens... Mais nas pessoas do que em estatus... é conseguir deixar a razão de lado e, às vezes, seguir o coração!
Ser feliz é ser sensível à voz de Deus.
* Ah, e a propósito... Estou feliz em ter voltado a escrever... É um antigo hábito que enche minha alma!
Um beijo e até...

Identidade


"Quero acordar sem o medo de ter esquecido algo importante e não ter a breve sensação de que a vida ficou para trás. A nostalgia quase sempre é boa, mas é inevitável terminar em tristeza e solidão. Não quero viver do passado, nem alimentar sonhos impossíveis, falsas ilusões... Mas o presente, ah! Parece ser tão distante e irreconhecível! Pisar na realidade não é tão fácil assim." (Andresa Notari G. Magalhães)

A mil por hora...



Estou convencida cada vez mais de que tudo aquilo que não esperamos, nos distanciamos e até mesmo criticamos... de repente bate às portas de nossa vida. E chega tão sutilmente, que não nos damos conta de que isso esteja realmente acontecendo conosco!

São paradigmas ou pré-conceitos que em determinado ponto de nossa existência criamos e estabelecemos e... sem perceber temos um roteiro a ser seguido para que tudo se vá bem (segundo nossos princípios!).


"Ah, por aqui eu posso seguir...
Isso jamais... Imagina!
Dessa água não beberei!...
Meus filhos? Nunca agirei dessa forma com eles...
É claro que o amor supera a dor!"

Queria ter percebido tudo isso antes, é perda de tempo estabelecer tais padrões... E mais ainda, frustrante reconhecer que não temos o domínio sobre nosso destino! Creio que a vida mesmo tem o prazer de enviar sorrateiramente situações indesejadas... Elas entram timidamente pela porta do fundo e se instalam pouco a pouco... Até chegarem à sala de estar e ocupar todo o espaço de conforto que por direito deveria ser nosso!

Sua voz parece suave... Mas ecoa profundamente no peito como a voz da afronta, do escárneo... Fazendo-nos arrepender até "o último fio de cabelo" por ter proferido tal juramento!

Mas, a vida segue...

E como já dizia Che Guevara: "É preciso endurecer sem jamais perder a ternura"


Um beijo e até.