Definições não... Mania de explicação


Bem gente, eu hoje estou aqui pra reconhecer que errei, e errei feio. Na verdade eu fiz uma coisa que sempre digo aos meus alunos para não fazerem... A algumas semanas atrás eu postei aqui sobre Mário Quintana, e tudo o que eu falei sobre ele é verdade... é um grande poeta, gaúcho, o amo muito e tenho comigo dois livros de sua autoria (Antologia poética, Oitenta anos de poesia)...

Mas o que aconteceu é que recebi um email com frases lindas e que vinham com a autoria de Mario Quintana... E na verdade, muitas dessas frases fazem parte de "Mania de explicação" de Adriana Falcão. Um querido leitor me alertou sobre a autoria e alegou ser de Mario Prata, e na verdade encontramos na internet isso mesmo... Em vários sites. Mas o próprio Mario Prata esteve aqui e me ajudou nessa questão tão confusa, e me encminhou para a verdadeira autora das frases tão belas: Adriana Falcão. (podem conferir nos comentários).
Quero me desculpar com todos vocês que leram esse post, e aos que não leram também, mas confiam na veracidade do que eu posto aqui! E quero também agradecer ao leitor que chamou minha atenção para essa falha.

Como eu digo em sala de aula: Nunca confiem em tudo o que leem na internet, vamos à biblioteca pesquisar em fontes seguras! Pois bem...

Agora segue o texto "original" pra vocês:



Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra.
As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira já sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lá, explicando, sozinha.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco é menos da metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Renúncia é um não que não queria ser ele.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Perdão é quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino é um desataque de prudência.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.

Adriana Falcão

2 Comments:

Mario Prata said...

Andresa:

Todas as frases aí atribuídas a mim, são de autoria da Adriana Falcão e estão no genial livro "Mania de Explicação".
Sou obrigado a te pedir que explique isso aos que te acessam. Nunca, mas nunca mesmo, confie na internet.
Beijo
Mario Prata
mac.prata@terra.com.br

Zéia said...

Gostei do que li, tem algumas frases mesmo que são bem colocadas e que você pensa... É isso mesmo... Interessante!