Procusto, uma história muito interessante!


Na mitologia grega encontramos uma figura bem interessante, porém, muito cruel... Trata-se de um malfeitor chamado Procusto que habitava em uma floresta e possuía uma cama de ferro com a medida exata de sua estatura. Todos os visitantes de Procusto eram forçados a deitar em sua cama e os que eram demasiados altos, tinham o excesso de seu comprimento amputados de modo à se encaixarem na cama. Por outro lado, os visitantes de menor estatura eram esticados até alcançarem o comprimento suficiente.

Conheci essa história bem no início da faculdade, onde o linguista Marcos Bagno comparava as atitudes de Procusto com os métodos tradicionais de ensino que possuíam um molde exato. Os alunos deveriam se encaixar perfeitamente nesse molde, não importando se tivessem de ser amputados ou esticados para isso.

Para os mais jovens talvez essa história não faça muito sentido (como a luta pela liberdade de expressão não fazia muito sentido pra mim, pois já conheci uma sociedade livre, diferente das pessoas que tiveram que lutar por essa liberdade no período da ditadura militar). Hoje os métodos educacionais estão bem mais flexíveis, o aluno pode pensar por si mesmo, é incentivado a criar "seu próprio" método de aprendizagem e é estimulado pelo professor (pelo menos deveria) a ter um olhar crítico diante de tudo que o cerca... O aprendizado vai muito além das quatro paredes da sala de aula, ou à cama de Procusto.

Mas se pararmos para refletir, esse mito de Procusto vai além, muito além da área específica da Educação, pois representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante. Precisamos tomar o cuidado para não agir da mesma forma, pois a nossa tendência é sempre criar "nossos padrões" de vida, de pensamento, de atitudes, de conceitos e "pré-conceitos"...
Amputamos e esticamos muitas pessoas com justificativas banais, e em uma sociedade tão individualista, essas atitudes são consideradas "normais", - Quem já não foi amputado ou cortado algum dia? Quantas vezes já nos sentimos "marionetes" nas mãos de alguém ou de um sistema que insiste em ditar regras?
Não temos o direito de podar as pessoas, seu modo de ver e viver a vida, simplesmente por elas não se encaixarem ao nosso padrão... Assim como ninguém tem esse mesmo direito de limitar nossas ações. Respeito acima de tudo!

5 Comments:

dante said...

As vezes nos tornamos "fiscais" de nossas próprias regras bobas. Não defendo abolir os padrões mas, abolir a sujeição dos mesmos ao desprezo ou ao desgosto que, diferente da crítica, não ajuda ninguem a crescer.

wadevenga said...

O pior é quando nós mesmos nos tornamos nossos proprios procustos, quando nos podamos ou nos esticamos pra encaixar em padrões e modelos criados por nós mesmos baseados em modelos desfigurados.

Zéia said...

Enquanto lia pensei no escritor Augusto Cury com seus livros maravilhosos. Como ele procura abrir nossas mentes para que possamos "explorar" a profundeza de nossa inteligência. Somos seres pensantes. E muitas vezes nos limitamos a um conjunto de normas... E tantas outras limitações criadas por nós mesmo...
Enfim...
Que possamos alçar grandes vôos... E atingir tudo aquilo que Deus nos entregou. Meus parabéns... E beijos!!!

Zéia said...

"A vida é um grande espetáculo. Só não consegue homenageá-lo quando nunca penetrou dentro do seu próprio ser e perceber como é fantástico a construção da sua inteligência."- Augusto Cury -

Patrícia Proença said...

Andresa!!!Que texto maravilhoso!
Esse eu vou levar pro meu Blog,claro,se li... e gostei né!!(Mas seu nome estará lá, tá)Posso?