A flôr da pele


Bem, escrevi essa crôncia após ter vivenciado uma "saia justa" no trânsito... Meu carro simplesmente "apagou" no meio de um congestionamento e não demorou um minuto sequer para que eu escutasse as buzinas e as "frases educadas" vindas de todos os lados. Acredito que ninguém parou pra perceber o meu pânico e a presença dos meus dois filhos no banco traseiro... Cada um está tão preocupado no que lhe diz respeito, que não tem mais tempo de olhar para "aquilo" ou "aqueles" que estão fora do seu "cronograma".
Enfim, aí vai a crônica que me serviu de desabafo:

Pode acontecer com qualquer um. De repente algo impresivísel ou previsível demais acontece e a paciência vai-se embora... O bom motorista se torna mal educado, a madame perde a pose, o patrão perde a compostura, o político acha que tudo pode... Enfim, as pessoas se esquecem que estão lidando com GENTE e "bye bye" bons costumes.
Cada vez é mais comum presenciarmos "cenas deploráveis" que nos fazem perder a esperança na humanidade. As pessoas não caminham mais, elas correm. Não dispensam mais o seu tempo para sentar e conversar, olhar nos olhos. Ninguém mais sofre as dores do outro. Como em tão pouco tempo o ser humano tornou-se tão egoísta?
Lembro-me que há algum tempo atrás os pais se sentavam na varanda pra ver os filhos brincar... A fila do mercado era uma espera agradável, ali os vizinhos, amigos ficavam sabendo das novidades. As famílias saíam para passear sem hora marcada. Os fins de tarde eram românticos... A educação era bem cultivada. A paciência e tolerância eram reais.
Em que ponto essas coisas simples e fundamentais perderam o sentido? Porquê a modernidade nos fez tão escravos do tempo, das regras, do medo? Temos um "manual" a seguir em cada situação, em cada lugar... Como ser um bom pai, uma boa mãe, um bom aluno, um bom funcionário, e assim vai... Para que servem tantos manuais se no momento em que algo atinge o indivíduo, este se esquece de tudo e parte pra ignorância?
Não quero compactuar com um mundo em que o relógio tenha mais valor do que os sentimentos. Que o grito seja mais ouvido e respeitado do que as palavras conscientes. Que o dinheiro valha mais do que um abraço.

(Andresa Notari G. Magalhães)

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